Aquilo que a maior parte de nós
faz tanto quanto respirar é sentir, desde que nascemos até que partimos.
Sentimos mesmo quando não estamos a sentir nada como queríamos, quando estamos
em dias dormentes estamos a sentir, só não estamos a saber identificar o que
estamos a sentir ou como lidar com essa emoção.
Mas nunca deixamos de sentir.
Sentimos qualquer coisa em todos os segundos, os espaços, os momentos, pessoas,
intuições, tudo se traduz em nós em emoções. Ensinam-nos a falar, ensinam-nos a
andar, ensinam-nos a escrever, mas não nos ensinam a sentir. Vamos sentindo a
vida como conseguimos e sabemos.
Isto de sentir tem muito que se
lhe diga e há muito que se pode aprender para poder ser dono do leme das emoções,
domá-las e até conseguir regulá-las de forma a que nos sintamos alinhados com
os momentos, as pessoas que nos rodeiam e fases da nossa vida… Mas nunca
ninguém nos diz isso. Pelo menos nunca fez grande parte da nossa cultura
portuguesa, há países que o ensinam na escola e são aulas com tanta prioridade
como as de matemática.
A verdade é que ainda é raro, a
verdade é que a viagem das emoções é uma incógnita para a maior parte dos
humanos. A importância toda que se dá na escolaridade á gramática, matemática e
outros temas revelantes, mas não mais importantes que as emoções…. Ensinar a
sentir fica ainda nas entrelinhas da vida, á responsabilidade de cada um.
Uma coisa é sentir, outra é saber reconhecer e regular todas as emoções que nos atropelam e que muitas vezes se acumulam, tornando-se pesos incontornáveis que nos dominam. Muitos de nós andamos pela vida sem sequer nos lembrarmos que o podemos fazer. Agimos com o nosso cérebro réptil, animal, reativo, impulsivo ou que imita o que lhe foi passado sem se questionar. Mas o cérebro pode reconhecer e regular as emoções, podemos encontrar segurança na insegurança ou na vergonha, coragem no medo, amor no ódio e alegria na tristeza. Podemos aprender a aceitar o que estamos a sentir e a lidar frente a frente com a nossa emoção sem deixar que nos ponha em curto-circuito. Normalizar as emoções menos boas, apagar a culpabilidade e vergonha de não estarmos bem. Há dias bons, há dias maus, há fases com muitos dias bons e há fases com muitos dias maus, não necessariamente por esta ordem. As emoções não nos definem. Não somos quem somos num dia mau. Podemos navegar uma tempestade e sair dela mais fortes, mais experientes, podemos pedir ajuda, podemos autorizar-nos a mudar.
Não sou médica, não sou
psicóloga, nem coach, sou a Sandra, a mãe, mulher, filha, neta, amiga, colega
enfim tenho a sorte de ser a Sandra que está sempre rodeada por rituais,
manias, medos, sonhos, diversas personalidades, onde os do meu mundo tiram as máscaras,
os filtros e vivem a versão mais autentica de si mesmos. É um privilégio ter a
possibilidade de entrar por uns capítulos adentro na história de uns e de
outros, de entender o que é isto exatamente de sentir um momento, um espaço, de
delinear de alguma forma as linhas que albergam essas emoções na sua mais pura
verdade. As gargalhadas, as lágrimas, o amor, a dor, a vergonha, o medo, a
coragem, a resiliência, a solidão. Tantas emoções que preenchem as nossas
vidas, os nossos espaços. Educo a minha filha de forma a que as emoções sejam um
dos fatores principais dos seus momentos. Reconhece-las, validá-las e regulá-las
é o vento que nos direciona para mais perto ou mais longe, não só de quem nos rodeia,
mas também de nós mesmos. Porque a vida é feita de emoções, e quando não aprendemos
a senti-las e a regulá-las, desorientamo-nos, perdemo-nos, alienamo-nos. Então,
esta semana, por favor, SINTA: fale sobre as emoções consigo e com quem a
rodeia. Pergunte a quem está consigo como se sente. Pegue num bloco e escreva
todas as emoções que sente num dia. Ponha dois alarmes no seu telemóvel a horas
diferentes e quando tocarem, pare, tenha consciência do que está a sentir.
Vá além dos cinco sentimentos
básicos de: feliz, triste, zangado, com medo, envergonhado, e tente definir as
suas emoções com mais clareza, são tantas outras emoções que nos preenchem diariamente.
Faço isso com os seus amigos, filhos, e parceiros de trabalho. Uma das coisas
mais importantes que podemos ensinar aos nossos filhos é que NENHUMA EMOÇÃO É “BOA”
OU “MÁ”.
Não precisamos de julgar as suas emoções,
apenas senti-las, aceitá-las, convidá-las a entrar para que possamos entender
que assim como elas vêm também podem ir… e assim como podem ir também se podem
nutrir. É uma prática. Um presente que podemos dar a nós mesmos com o intuito
duma vida mais presente e sentida.
Beijocas,
Sandra
Thanks for your sharing...
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